Por um pedaço de chão
Por um pedaço de chão
Lutam heroicamente homens, mulheres e crianças
Com simples enxadas na mão
Crias do desamor, vitimas da segregação
O Estado, pai castrador
Levanta o edifício da opressão
O arsenal tecnológico que aspira à contenção
Usando como argumentos, spray e munição
Mas os heróis que enfrentaram
O monstro da aridez do sertão
Riem e zombam
Destes gladiadores movidos pela ilusão
Do pedaço de chão os camponeses não arredam pé
Se alimentando de fé e da esperança
De mais apoio e mobilização
Surgidos da destruição do patrimônio da nação
E da desesperança e indignação
Mais um conflito se inicia
Sangrando o nosso sagrado bastião
Mas os combatentes do sertão aumentam
Já contam cem, duzentos, mil !
Bloqueiam estradas, destroem pontes
Libertam trabalhadores
Recuperam motosserras e tratores
E dão uma resposta a todo o povo brasileiro
Que somente com união e determinação
Faz-se uma revolução consciente
De coração e mente
Por um momento os trabalhadores
Terão paz para voltar a produzir
Porém, para suas famílias e arredores
Queriam produzir mais
Para todo país sentir o cheiro de terra arada
Sabor de fruta e verdura plantada com suor e amor
Entretanto para conseguir tal feito
Terão que travar extensas batalhas contra tal monstro retalhador
Bobagem ! O sertanejo antes de tudo é um forte
Já dizia Euclides !
Herdou a genética de Antonio Conselheiro
Possui oque de mais bravo e heroico
Contem o inconsciente coletivo do povo brasileiro
Do agreste se faz justiceiro
A desapropriar o latifúndio do planeta inteiro