NÃO ERA ASSIM
NÃO ERA ASSIM
Fernando Alberto Couto
Nesse país onde eu nasci
Tinha-se ensino para valer,
eu até estudava com amor
e com boa saúde eu cresci.
Aprendi a ler para escrever
e respeitando o professor.
Andava, em paz, pela rua,
sem medo dos estranhos
e com alimentação forte.
À noite se admirava a Lua
que coloria nossos sonhos
sem ter o medo da morte.
Cola era só para enganar
o mestre durante a prova
e isso já fazia muito mal.
Hoje, cola é para cheirar
e a juventude, numa cova,
acha que fumar é o normal.
Agora, eu vivo assustado,
dentro de meu próprio lar,
pois prolifera só a maldade,
nos meandros desse Estado
sem caráter para governar
e dar qualquer tranquilidade.
Já pra ninguém é segredo
que escola é reservatório
de uma cultura mal fadada,
pois, professor tem medo,
e se arrisca por um salário
que lhe ajuda a quase nada.
À noite, não é como antes
e a Lua não mais ilumina.
Todo encanto chegou ao fim,
sob ordem dos traficantes.
A corrupção é que domina.
O meu país não era assim.
RJ – 17/05/14