A gota da mentira

Basta uma simples frente fria,

Dessas que o tempo sulino propicia,

Pra despertar o calor que dorme na lenha;

Mas, não chega uma bela antologia,

como corolário das mais ricas poesias,

Pra fazer que o amor vetado pela sina venha...

Basta uma aglomerado de gente,

Triste, alheio ou mesmo contente,

Pra que o ser político aponte sua mira;

Esse canoro, pássaro canalha,

Que costuma oferecer trigo e dar palha,

Mas capricha no trinado entoando a mentira...

Basta que o gás acabe sem dar aviso,

A saúde fraqueje também de improviso,

a erva da criatividade rapidamente medra;

E o pobre que dizia faltar para o leite,

Qual Eliseu, o profeta, multiplica o azeite,

Reage e de algum jeito, tira dinheiro de pedra...

Basta que um medíocre dramaturgo,

Escreva um roteiro com mazelas do burgo,

Pra essa droga meter a plebe no mesmo saco;

Todos hipnotizados pelo olho do Ciclope,

E se por acaso cair um pouco o IBOPE,

Basta uma bunda, ou, encenar um barraco...

Basta um “mise em scène” de justiça,

Brasília é Hollywood chega a dar preguiça,

Efeitos especiais que o “Oscar” teria que vir;

Para que o sol receba a luz da lua,

E o bravo Zé que fora protestar na rua,

Delegue o galinheiro às raposas e vá dormir...

Basta, enfim, de palavras sem sentido,

Meu senso está fraco, perdeu a libido,

De tanto escutar que a prostituta é casta;

Basta um bosta de um notebook como esse,

Pra devanear sonhar que a galera entendesse,

Que quando a coisa entorna demanda um , basta!