Preciso queimar um ônibus

Cá estou em minha soturna auto crítica,

Sem acertar sequer o aro, que dirá a cesta;

Preciso mostrar certa consciência política,

Queimar um ônibus da plebe raquítica,

Mas, será a consciência assim uma besta?

ignoro quanto falta para batermos no fundo,

Pouco, acho pelo tempo que temos caído;

Desde que abraçamos o conceito vagabundo,

Passamos a depredar esse canto do mundo,

ordem é reação e tudo deve ser permitido...

Inimigos da honra estão assentados no poder,

Donos da verdade, história, do mal e do bem;

Espalhando fumaça para a galera não ver,

Desconstrução de valores seu melhor afazer,

Fazem da terra Brasil, uma terra de ninguém...

Como venceram a guerra contra a probidade,

Tudo é seu, pensam, usufruindo o despojo;

Maquiam a puta mentira como linda beldade,

Para que desfile na passarela da verdade,

E as náuseas me assaltam por causa do nojo...

Pior é que os que saem quebrando tudo,

nuvens espúrias donde é ácido que chove;

Deem-lhes migalhas e o pelotão fica mudo,

Nada usufruindo estão mui acesos contudo,

Pois, é inveja, não cidadania que os move...

Se Deus é brasileiro como dizem os bacanas,

Preciso que Ele dê uma explicação para mim;

Por que posam de crocodilos essas iguanas,

Estará Ele engordando todas as ratazanas,

Antes de chamar ao Flautista de Hamelin?