Produto de nós
Produto de nós
É duro o jogo, deveras irresoluto
É a nossa crua e nua realidade,
Frias lidas e lutas sem sociais bandeiras.
Aos montes, expostos, seres desgovernados,
sem eira nem beira nesse plano torto
à espera do deus morto nesse incessante inferno.
E a humanidade seguindo adiante, rumo ao caos...
E ao mundo, que é abandonado, é inevitável o fatal.
É o que espelha do egoísmo e se apresenta
a um palmo das nossas caras,
e eis as suas consequências,
desastres por todos os lados,
são quilométricas filas de indigentes
nas praças, ruas, becos e calçadas.
São mãos estendidas, almas oprimidas,
gente deprimida pela vida em ócio,
pelo inverso, pela delinquência e pelos vícios...
Formamos os covis de covardes que geram farrapos,
somos pontos imersos nessa decadência,
criamos a viva miséria e a vida em falência,
sem faces, sem vértices, sem arestas.
E eis o bruto produto da desigualdade...
Somos os olhos cegos à luz da crueza
Somos o seco da alma,
verdadeiros pobres, somos os miseráveis.
Sociais peçonhas, somos escorpiões entre víboras e cobras;
Somos o que sobra da existência sem a mínima valia;
Somos insensíveis aos males gerados pela nossa própria obra;
Somos responsáveis e irresponsáveis pelas nossas escolhas;
Algozes e vítimas das nossas próprias crias.