Profetas das Gerais
O santo na pedra cristaliza a bondade
e a arte de Aleijadinho lhe permite algum milagre.
Barrocos olhares miram o insondável
e as faces de anjos e de demônios
perpetuam em granito
os homens e sua história.
O eco dos carrilhões espalha a falsa santidade
que o ouro dos altares insistia haver.
As ladeiras escorrem sangue negro.
Sangue pisado, sofrido, índio.
Pisado, sofrido, brasileiro.
E, impávidos, os Profetas a tudo assistem.
E, impávidos, os tempos passam.
E as ruas de pedras, há tanto brotadas,
de dores, há tanto regadas,
terminam antes que chegue a independência.
Caminho o Passado.