À ESPERA DE UM MILAGRE
Olho pro céu à espera de um milagre,
Situado em um ponto qualquer, entre o norte e o sul.
Aquedutos furados que transportam propina e chorume,
A fumaça cinzenta e a cerração encobrem o céu azul.
Tudo parece se perder na eternidade de milênios sem fim;
A escabrosidade de um caminho sem ida e sem volta.
Uma equação, uma incógnita difícil de se resolver.
Burburinhos silenciosos que incitam à revolta.
O espelho que reflete a ética é estilhaço quebrado.
A marquise que protege da chuva é propriedade privada.
Um país que se retorce com os efeitos colaterais,
Uma nação que passa fome e se declara amoedada.
Doutores da lei se expressam, achando que sabem tudo.
Ângulos neutros consolidados pela sede de poder.
Embriagados pela história de uma era improdutiva;
Já não sabem mais nem como e o que se deve fazer.
Os pontos de divergência culminam sem resultado positivo,
Eclesiásticos se reúnem para encontrar a solução.
A ONU e a UNESCO vomitam planos e projetos;
E o menino anda descalço, sem poder pisar no chão.
As pesquisas já elegem, não precisa nem votar!
Ninguém sabe se é mentira ou se é falsa verdade.
Você de lá, ele de cá, ambos já escolheram um lado.
Enquanto isso, estou aqui, à espera de um milagre...