Libertas

Sinto que as hordas dos homens da direita

seguram os meus versos e tentam calar os meus desejos.

São os velhos censores da nova Ditadura

que em sua medíocre patrulha

buscam a nós outros, os tolos insanos

que abriram a boceta de Pandora

com a dúbia esperança de arautos da bonança.

Mas eles que urrem e vociferem as suas religiosas boçalidades,

pois eis que atravessarei os pântanos em que chafurdam

e como Zaratustra, do alto da Montanha,

a todos conclamarei à liberdade

que salva os anjos

do obscurantismo desses novos tempos e céus.

Danem-se os anões de Liliput, pois eis que

outros Gulliveres ainda chegarão. Ainda nos redimirão.

E vós, Assumares Militares, ao pó voltareis

para que rastejem em sua moralidade burguesa.

Reviva, minha doce companheira, e refaçamos o bom combate.

Sejamos Tamoios a quem nada abate.

Revivamos cada vida perdida e cada utopia corrompida.

É tempo de reacreditar que a Mantiqueira de novo ruge

com a esperada coragem de quem sempre se insurge.

Percorramos os Santos Inconfidentes

e vejamos o quão justa é a sedição.

O quão bela é a sedução

que a todos levanta do rés do chão.

Somos brasileiros livres e libertos.

E sonhamos despertos de peitos descobertos.

Enfrentemos esses novos felicianos dragões

e expulsemos os fantasmas estrangeiros.

Caricatos demônios passageiros.

Que voem como aves de arribação.

Como corvos que são.

E que saibam: aprendemos a dizer NÃO.

Para todos os caídos em combate pela liberdade.