Quem somos nós brasileiros?
Revestimos-nos de coragem
De canções de duras batalhas,
De tempos que não pertencemos
Dos mártires de revoluções que não faremos
De heróis que jamais seremos.
Entoamos o grito do medo
Disfarçados de esperança
No jejum de nossas almas desesperadas
Por alguém que nos salve de nós, de nossos nós.
Levantamos bandeiras
E manifestamos imensidão
Ecoamos os nãos da revolta,
Da nossa indignação social torta
Espremidos no vagão.
Ou não.
A ausência destemperada, da educação forjada.
Evolução as avessas do nosso sistema educacional.
Analfabetos sedentos,
Registros, números e estatísticas
Hienas na hierarquia da vida, de sorrir ao devir recorrente.
Somos pombos de praça
A emitir virais ilimitados de lamento e dor.
A propagar o dissabor dos discursos reaças
Somos a raça, indefinida,
No preconceito do tom, do som
Do amor, do não e da religião.
E afinal quem somos nós?
O lamento do morador de rua
A legitimar a cicatriz da História
A falta de educação nua e crua
A salientar a alienação proposital
Um povo sem sal
Sem cartaz, sem legitima-ação
A esperar pelos resultados
Desde sempre sentados, as voltas da televisão.
Mas afinal, quem somos nós?