ESTOU GRÁVIDA
Estou grávida
Da rua
Fui engravidada nas pressas
Não sei muito bem que é o pai
Esse meu filho
Que mesmo antes de nascer
Já nascerá no mundo
Que virou as costas
Há muito tempo
E mesmo no rompimento
Da bolsa
Não escuta meus gritos
Gritos que expulsão a vida
Mas que vida? Mas que vida?
Tenho que ensiná-lo a sobreviver
Pois se alguém não pegá-lo pra criar
É mais uma boca
Pra comer
Comer, comer, comer o quê?
O resto que cato no lixo?
As esmolas que mendigo?
Não
Cozinharei a ilusão
Que alimentará como um pão
Todos os sonos do meu filho
Werley Gil
A Carolina Maria de Jesus (in memorian) e Carolina Maria Carvalho
Releitura da sua poesia “Estou Grávida”