Morte e vida retirante
Sua vida ficou dependurada na moldura vazia,
Com a imagem desbotada tal qual a sua insignificância
No anonimato da vida...
É assim, José, é assim a vida dos que tem os pés pequenos
E os passos curtos para galgar a vida.
É assim, José, é assim a luta dos que não têm armas
À altura do inimigo invisível que ataca todo os dias,
Mutilando a alma, enquanto o corpo perece
Apenas com o medo do caminhar.
É assim, José... Sempre foi assim.
Quem nasce José, vive José, morre José,
Assim mesmo, um Zé Ninguém.
Vai ficar sua face encovada, escancarada,
Na memória dos poucos que o olhar te alcançou.
Guarde seus calos rijos, suas rugas curtidas,
Seus ossos alquebrados pela vida.
Arraste o que resta dessa sina retirante,
E deixe enfim o corpo descansar
Nesse chão que abre em sulcos,
Nesse sol tão escaldante.
É tempo de parar, José...
A cova fria te espera
Para guardar seu penar.
Assim como a liberdade,
Onde as asas do infinito,
Irão te ensinar a voar...