Infância Perdida

Um menino guenzo

Sustenta em seu ombro

Outro moleque mirrado.

Desafiam a gravidade,

De tão magros que são.

_Meus senhores,

Prestem atenção!

Minhas senhoras,

Não sou ladrão.

Só estou aqui

Pra mostrar o aprendi.

Do alto de suas magrezas,

Equilibram-se em finas pernas

E, com dois malabares

Fazem oscilar um terceiro.

Direita, esquerda...

Um giro duplo no ar.

Passa por baixo da perna,

Dá meia volta

Em torno de si mesmo.

O público impaciente,

Aguarda pela luz verde;

Nem liga pr'as suas meninices,

Pra fome que lhes corroem

As suas barrigas murchas.

O dia chega ao fim,

Mas o trabalho não pára

Agora com fogo nas pontas

A miséria fica mais clara

Gira o fogo no ar

Meia-volta e tudo mais

A desatenção é a mesma

...Tanto faz.

Geraldo Meireles
Enviado por Geraldo Meireles em 04/05/2007
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T474697
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