Rio - Indefesos
como não me afogar no rio que escorre na minha face
essa torrente desce impetuosamente na forma de gota
posso sentir nas mãos as águas que banham no enlace
o homem que agora chora a ausência do amor na rota
à medida que as lágrimas chegam nesse chão de barro
posso ouvir no ruído do silêncio que ficou nessa porta
uma canção na mente debilitada de um chuvisco tenro
que vem do alto da cabeça achar razão nessa comporta
sentado a beira desse precipício observo na chuva fria
uma sombra que vem nessa direção enxugar no pranto
a angústia derramada pelo coração no verso da galeria
que posta à figura do ser triste na vitrine desse espanto
vejo as margens desse acontecimento a onda me levar
para a imensidão do mar que lava o corpo nessa ironia
onde a carência encontrou uma promessa de um vagar
na memória do passado esquecido no lago da periferia
ao cair da noite essa escuridão vem como companheira
do solitário ente abandonado na solidão desse universo
de uma história contada na confusão da letra nessa eira
ocupada pela pessoa que agora dorme como um imerso
De
Marcondes Schifter
Poeta