COBRA-CEGA

Bruxos, fadas e santas
Carrascos e carrancas
Do povo é a condição

Vejo em suas mãos vazias
Da sua face a fotografia
Mas a sua história não

Vai vivendo, vai brincando
Não se sabe até quando
Vai comer de mão em mão

Podem beber o sangue
Do seu corpo já exangue
Mas a sua honra não

Sua sina é o conflito
Arma apenas o grito
Sobrevive em oração

Luz divina clareia seu trilho
Pelo caminho ficam seus filhos
Mas a sua fé não

Procissão de ritmo lasso
Pelos cansados passos
Atrás dos quais os meus vão