Ardis do Capital
O que me fundo fere dentro
Que me inquieta a mente
Que me faz perder o centro
Que vem assim de repente
Este estado de ostracismo
A certeza de ser tudo vão
A alma repleta de pessimismo
Olhando a frenética multidão
A busca desenfreada do prazer
Algo que preencha o imponderável
Uma mascarada alegria de viver
Que no interno é instável
A individualidade abissal
A usura desmedida
Um acumular descomunal
Um viver sem sentir a vida
Viver tangido pela mídia
Com uma ideologia tacanha
O capital com sua perfídia
Uma voracidade tamanha
Para a dor alheia dão de ombros
Seguem em busca da nova satisfação
Pisam no próximo como se fora escombros
De alguma ruída civilização
E nos chamamos civilizados
Somos exemplo a se seguir
Temos gostos refinados
Modelos aos que hão de vir
E assim nessa insana sanha
Perdemos o idealismo
O capital com sua artimanha
Nos diz que é altruísmo
Precisamos consumir e acumular
Não importa que não seja útil
Compremos apenas para guardar
O resto é detalhe fútil
E quando estamos abarrotados
Vem paradoxalmente o vazio
Nos percebemos escravizados
Temos a sensação de fastio
Mas nada que o capital não resolva
Logo surge outra novidade
Até que a sensação se dissolva
E reencontramos a nossa "verdade"