Audição Nefasta
Sinto-me incomodado com o barulho da metrópole,
Meus tímpanos já não captam sons refinados,
São estridentes ruídos de átomos manipulados
Pela verve poluente que marcha homicida a cada trote.
Áudios que gritam em carnaval fora de época
Manietando hediondos instrumentos os mais diversos,
Carnívora surdez se instala em pontos vários do universo
Transformando os ouvidos humanos em fantoches bonecas.
Sonoplastia que deixa a sensibilidade refém
Da criatividade onomatopaica que, com desdém,
Esbraveja ondas que perfuram acintosamente o cotidiano...
As aurículas envelhecem de forma descuidada e precoce,
Embora jovens, as criaturas já não escutam a própria tosse
E as palavras despencam zonzas em bueiros desumanos!