Audição Nefasta

Sinto-me incomodado com o barulho da metrópole,

Meus tímpanos já não captam sons refinados,

São estridentes ruídos de átomos manipulados

Pela verve poluente que marcha homicida a cada trote.

Áudios que gritam em carnaval fora de época

Manietando hediondos instrumentos os mais diversos,

Carnívora surdez se instala em pontos vários do universo

Transformando os ouvidos humanos em fantoches bonecas.

Sonoplastia que deixa a sensibilidade refém

Da criatividade onomatopaica que, com desdém,

Esbraveja ondas que perfuram acintosamente o cotidiano...

As aurículas envelhecem de forma descuidada e precoce,

Embora jovens, as criaturas já não escutam a própria tosse

E as palavras despencam zonzas em bueiros desumanos!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 04/03/2014
Código do texto: T4715033
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