Insanidade

O cotidiano claudicar das pernas,

Não advém do peso do úbere,

Onde mamam laias, modernas,

Vício cultuado desde impúbere;

as fontes perdem para cisternas,

mesmo ostentando água límpida;

o civilizado homem das cavernas

socializa sua brutalidade íntima;

ocultado ao facho das lanternas,

ousado desfaz a ordem pública;

enquanto a autoridade hiberna,

saltitam as muitas feras pútridas;

uma censura qualquer se externa,

e culpados posam vis, de vítimas;

incapazes de uma postura terna,

esforçam hipócritas suas críticas;

uma omissa cumplicidade governa,

gente inconsequente sem tática;

sem vergonha, essa moeda interna,

que tolhe as desordeiras práticas;

quando apagam uma vela fraterna,

recolhem unhas, silenciam crápulas;

pois seu mau caráter jamais alterna,

mude o mundo, não suas máscaras;

temo que saia a turma da caserna,

para abater o tubarão e a rêmora;

fazendo ver que a presunção eterna,

é apenas uma insanidade efêmera...