Anestesia

É mui sombrio o túnel da omissão,

O silêncio dos bons altera seu ser;

Pois quem deixa cair o que pode reter,

Não é digno do uso das próprias mãos...

Amordaçam oponentes, os ratos virtuais,

Que são leitos para cérebros de cristal,

Assim, os melhores espaços no jornal,

Se ocupam mui sério de coisas banais...

O canhoto que bebe da antiga garrafa,

Exibe o porre doentio da esquerdopatia;

Privada de caráter e qualquer outra valia,

Por não ter argumento, escrúpulo, abafa...

Assim essa letargia que a muitos inunda,

Qual bolha assassina encobre Banânia;

Que importa se o sangue correr na Ucrânia,

Estamos anestesiados por peitos e bundas...

Cultivam papoulas em cérebros ermos,

Como se a mentira desse vida ao Pinóchio;

As antenas cúmplices processam o ópio,

Os que se abstêm são tachados enfermos...

Pobres valores padecendo sede e fome,

Feridos na masmorra, sujeitos à necrose;

Enquanto na torre uma sombria simbiose,

prime digitais do diabo com mãos de homem...

* Minha solidariedade e apoio ao filósofo Olavo de Carvalho, brilhante crítico das esquerdas latinas, que teve seu Facebook sabotado pelos que temem suas ideias. Vida longa aos que pensam e argumentam, cadeia aos que oprimem e escondem a sujeira.