Indiferença

Senti nos olhos da menina,
Uma tristeza imensa,
Daqueles que até, em Deus,
Perdeu a crença!
E cismei a imaginar,
Qual seria a razão...
É próprio da criança,
Manter acesa a esperança,
Segredos guardados no coração...
Porque o olhar triste e vago,
Seria falta de carinho, afago,
Ou percebia ela, um futuro incerto?
Talvez, a crença não aceitasse,
Que seus olhinhos, transformasse,
Aquele lugar imundo, de concreto.
Quem sabe, não imaginasse ela,
Viver a vida longe da favela,
Sem nos sinais de trânsito, mendigar...
Assim, cismando com o olhar perdido,
Como diferente, poderia ter sido,
Se estivesse numa ilha, cercada pelo mar,
Sem carros, buzina e toda a gente,
Que por ela, passava indiferente,
Sem nunca a lhe lançar...
Um único olhar!