De Catarina Eufémia,
A corajosa ceifeira
O grito, a justa revolta
O algoz incomodava
Colhia o pão que faltava
Na mesa que o merecia
Na mão que o semeava
E o debulhava na eira
Punhos limpos na masseira
Crosta de ouro na fornalha
Chamava-se Catarina
A que por todos pedia
Mais justiça reclamava
Uma bala assassina
No chão onde trabalhava
Fez de seu sangue papoila
Ao passo que Catarina
Que era moça trigueira
O último olhar lançava
Ao chão seco e dolorido
Do Alentejo que amava!
Catarina Eufémia foi assassinada à queima roupa, pela Guarda Republicana, com um tiro nas costas, em 19 de Maio de 1954, na aldeia de Baleizão, Alentejo, quando reclamava aumento da jorna.
Tinha 29 anos, era analfabeta, mãe de três filhos, dos quais o mais novo estava ao seu colo.