Ser crítico
Por que essa revolta
Tão repentina e agressiva?
Não critico a sua existência solta,
Nem mesmo excessiva.
Não critico sua existência!
Critico sua fugacidade e desconexão...
Critico sua demora, tanta lentidão!
A violência que a rege
Vem devido ao atraso.
Parece mais um sorriso bege
Do que uma consciência, e vem ao acaso.
Quem sabe um estopim
Que ressalta a falta de um "mim",
Falta de "automim"
Sobre a realidade alheia,
Em que se vive olhando
Para o outro na teia,
Como se não estivesse participando
Do caos da mosca e da aranha.
O que me espanta é a tamanha
Falta de motivação
Baseada na necessidade,
E voltada para a pura fúria,
Sem qualquer profundidade,
Sem qualquer criticidade.
O que eu critico é a demora
Para colocar o lixo pra fora,
O que eu critico é a forma
De resolver esta reforma.
Não se constrói apenas à martelada
Uma resistente e digna morada.