OS POEMAS VÃO NASCER SANGRANDO

Luciana Carrero

A canalha popular

age desatinada

em madrugada insana

provocando a revogação

da liberdade conquistada

Deitada eternamente

a pátria dorme embriagada

A flanela já lustra

as lâminas caladas

esfrega os botões dourados

para o desfile orquestrado

da ostensiva marcha

de posição pontiaguda

"Eu enfrentava os batalhões,

os alemães e seus canhões..."

"quem sabe faz hora

não espera acontecer"

"É pau é pedra

é o fim do caminho"

Quem não tem cão

leva gato pardo diletante

da canção romântica

para a caçada torta

E invade comportas

do pensamento moral:

“Que será de ti

quando a ilusão

em teu coração

for chegando ao fim?”

É chegada a hora

do vate afiar a pena

para instigar a nação

com boa lavra