Mesada... na cara do imposto
Nessa noite tão boêmia
Escolhi viajar nos mares
Navegando sóbrio, a ver
A decadente academia
Científica voar pelos ares
Pois então, quer um porquê?
Precisa? República incerta,
Fanfarra carnavalesca, samba,
Futebol... e a fome aperta,
E o emprego na corda-bamba
Corta-luz... de carro ou de casa?
Da rua... impostos? Cegueira,
Cortaram o tronco cerebral,
Seca, sede, o tubo vasa,
Fecharam a torneira
Da rua, escola e hospital,
Euforia, seleção, é gol!
Vou-me embora, não vou, eu vou?
Nasceu menino poeta
Eis que uma luz zambeta
Fez-me ligar a seta
Voltar do inferno ao capeta
Socar-lhe, matriz federal,
No Planalto Mambembe Central
Regressar ao país de dentro
Do baião, vaqueiro ao encontro
Do gado, aboiando... a chover...
Plantações, farturas... saudades
Do tempo em que se colher
Era fruto de suor, de vontades,
De condições sem se ter...
Hoje restam vaidades!
Niedson Medeiros, 23 de janeiro de 2014