Onda - Fragmentos
ouço no seu silêncio o barulho que vem do mar
acalentar na ideia a imagem que viaja no vento
vejo na sua ausência o horizonte do nosso amar
alentar na saudade a mente dum corpo sedento
quando a onda bater nos meus pés nessa praia
lembrarei do dia que escrevi seu nome na areia
a água que apagou é a mesma que levou o raiar
para o abismo do espírito que vive nessa aldeia
acho na sua distância o gesto que vem no oceano
ajuntar na alma o sentimento que veleja a paixão
pego nesse vestígio o jeito do nosso lado humano
arrumo na teoria o afeto que vivemos sem a razão
enquanto a água chegar nos meus pés na areia
recordarei da noite que apaguei esse pronome
a mão que riscou a praia é a mesma que refreia
essa solidão do ego que sobrevive e se esconde
sigo no seu desígnio a fantasia que vem do pélago
e busco no fundo a emoção que navega no carinho
peço a sua companhia ao céu que alumia esse lago
pra apagar o verbo que conjuga o cidadão sozinho
De
Marcondes Schifter
Poeta