Cidades Fantasmas

Meus ouvidos se tornam toscos diante da surdina

Que vocifera grilhões numa sociedade masturbada

Pelas cantatas sinfônicas que fazem das encruzilhadas

Palcos onde leis apócrifas dominam as esquinas...

Meu olhar se turva perante esta obesidade

Que não alimenta a verve de que o social precisa,

Mas incha de gordura todos os mananciais de pesquisa

E traduz fraudulentos retratos que mapeiam as cidades.

Maquetes que dão às ruas aparência de grande porte,

Mas que escondem furtivamente o selo de uma sorte

Que são pelourinhos maquiavélicos de assaltos e drogas...

Meus pés estão fadigados pela correnteza do apontar,

Minhas mãos dormentes caem ilesas pela força do ar

Que esculpe molduras de coletividades retrógradas!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/01/2014
Código do texto: T4656323
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