DESIGUAIS
Pelas beiradas eles seguem,
seres iguais do mesmo Criador,
parecem que tem até amor,
frio, fome e calor,
pergunte a eles o valor,
o custo de suas existência,
ó quão belo são tuas notas,
notas de papel e números,
são todos de sangue,
carne, alma e querer,
na cidade são escolhidos,
excluídos e imergidos,
possuem caras e bocas,
e ainda andam calados,
andam com cães,
como cães,
sem rumo e sem escolhas,
amanhecem só num concreto,
quem dera se reconstituissem,
suas beiradas sem bens,
quem dera se nos amassem,
sem posses e sem beleza,
ó Senhor salve-os às pressas,
são nossos irmãos e teus filhos,
não os deixem desesperarem,
e nem mesmo acreditarem,
que a fé é só mais um bem material,
precisamos logo agir,
prestar serviços sem cobra,
sem dinheiro perambulam,
mas ainda agradecem,
pelo pão de cada dia,
são meninos e homens,
são seres de pobre coração,
gemidos são da criação,
todos choram ao fundo do poço,
uma mão sempre é bem vinda,
para aqueles lá embaixo,
abra os olhos a tempo,
a tempo de nos salvarem,
da crueldade da exclusão.