CRUZ MUTILADA II

Autoria: Uilson Pedro

A cidade acordou

E já não estavas mais

De braços abertos

A contemplá-la,

O povo olhou perplexo

O vazio no alto do morro

E percebeu que faltava

Alguma coisa,

Era como se ninguém

Velasse-nos.

Logo após veio a notícia

Estavas caída,

Sozinha entre pedras e arbustos;

E na noite escura

Ninguém pôde,

Defendê-la da mão ímpia,

Desfechou golpes cruéis,

Deixando-a mutilada

E jogada ao solo.

Oh cruz! Tantos e tantos anos,

Lá de cima do morro

Velando-nos,

Desde o tempo dos meus avós

E agora estás aí quebrada!

Levanta-te!

Não te deixas abater

Pelo vandalismo dos inconsequentes.

A cidade perdeu

Um pedaço de sua identidade,

Desmoronou nesse momento

Um pouco da tradição

De um povo.

Oh cruzeiro!

Que sempre de braços abertos

Recebeu a todos

Sempre hospitaleiro,

Foste apedrejado

Em vez de preservado.

Mas Deus ouviu a minha prece;

E teu povo não mediu esforços

Para reerguê-la,

Na parte ferida pôs uma atadura,

Para protege-la.

Hoje continuas firme

No cume do morro,

Erguida de braços abertos

Numa visão panorâmica

A observar a cidade.

UILSON PEDRO
Enviado por UILSON PEDRO em 03/01/2014
Código do texto: T4634694
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