CRUZ MUTILADA II
Autoria: Uilson Pedro
A cidade acordou
E já não estavas mais
De braços abertos
A contemplá-la,
O povo olhou perplexo
O vazio no alto do morro
E percebeu que faltava
Alguma coisa,
Era como se ninguém
Velasse-nos.
Logo após veio a notícia
Estavas caída,
Sozinha entre pedras e arbustos;
E na noite escura
Ninguém pôde,
Defendê-la da mão ímpia,
Desfechou golpes cruéis,
Deixando-a mutilada
E jogada ao solo.
Oh cruz! Tantos e tantos anos,
Lá de cima do morro
Velando-nos,
Desde o tempo dos meus avós
E agora estás aí quebrada!
Levanta-te!
Não te deixas abater
Pelo vandalismo dos inconsequentes.
A cidade perdeu
Um pedaço de sua identidade,
Desmoronou nesse momento
Um pouco da tradição
De um povo.
Oh cruzeiro!
Que sempre de braços abertos
Recebeu a todos
Sempre hospitaleiro,
Foste apedrejado
Em vez de preservado.
Mas Deus ouviu a minha prece;
E teu povo não mediu esforços
Para reerguê-la,
Na parte ferida pôs uma atadura,
Para protege-la.
Hoje continuas firme
No cume do morro,
Erguida de braços abertos
Numa visão panorâmica
A observar a cidade.