Janelas Vivas
Vivo a flanar por ai, invocando os poetas de outrora
Vejo espaços vazios, ruas ermas e frios solenes
Olhos em órbitas vazias, mãos magras, esquálidas e doces
Homens e mulheres sozinhos, anjos de asas caídas
Ombros largos de antigas e suadas fadigas
Lagrimas colhidas no labor
Peitos cantantes e vozes pálidas de amor
Há janelas nas ruas, há vidas nessas janelas
Há toalhas ornando-as, há histórias nelas
São suaves os caminhos, o cheiro do mar que nos provoca
A Orla que dorme nas tocas das ondas mortas
Há janelas nos caminhos, há nos caminhos muitas janelas
Crianças correm mudas, barrigas grudadas nas costas, ossos contados
Brincam sujas, vivem sonhos aventurosos e encantados
Há janelas nos caminhos, janelas há que os veja
Em grandes construções estranhas, há vidas que se contam sobre a mesa
E na rua, de pés descalços e tez mórbida, drogados, prostitutas
Trabalhadores de semáforo, a vida segue na cidade dos carnavais
Há janelas nos caminhos.....