Filho do Tráfico
 
 
Dor, horror, falta de amor...
O menino que se entregou,
A mãe julgou
O filho que foi largado no mundo.
 
Sobretudo, sobreviveu
Como um problema para a sociedade,
Humanidade que fecha os olhos para a realidade
Ou finge ter piedade,
Políticos já disseram que ele é um problema resolvido
Poluindo nossos ouvidos
E escondendo a verdadeira sujeira para que o povo aceite
Que tudo é normal.
 
A culpa sempre será do viciado,
Ele sempre será julgado
Por olhares que nos foram impostos no cotidiano,
Nascido em um buraco imundo,
Jogado nas ruas  pra cumprir  seu papel de aterrorizar o mundo.
 
Como pode alguém nascer vagabundo?
Não teve infância, nem amor,
Não aprendeu a diferenciar preço de valor.
Enquanto nos aterrorizamos com filmes de terror
Ele é o protagonista das ruas  
Que a maioria finge não ver.
 
Não falta instrução,
Falta ação,
Compreensão...
O filho do tráfico quando tem sorte cresce
E vira pai do crime, percussor da morte...
O filho do crime vira pai
E um pai tem o gosto de ensinar o que aprendeu.