Curumim

nos olhos o brilho fosco da crueldade vivida na rua

uma mancha na pele identifica sua idoneidade rara

nos pés um borrão diz de onde veio à idade ingênua

uma ideia na cabeça leva bom tempo pra ficar clara

e nasce mais esse curumim na pátria de tupi

tupã clama pela vítima esquecida nessa nação

e mais uma noite no frio da praça com a jaci

revela coaraci no planalto central corrupção

nas mãos as marcas dos dias na senda da comunidade

agora no peito uma maçã podre em vez de um coração

nas pernas o rigor é imposto pela indiferença da cidade

agora no feito uma manhã sofre a perda de um cidadão

e cresce mais esse curumim na pátria de tupi

tupã clama pela vítima esquecida nessa nação

e mais uma noite no frio da praça com a jaci

revela coaraci no planalto central corrupção

nos braços o filho que nunca teve chance ao sair à lua

numa rampa de concreto sobe a esperança de ibirapitá

nos dedos a falta do lápis diminui a expectativa mútua

numa chapada a arquitetura sacrifica a urbe tupinambá

De

Marcondes Schifter

Poeta

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 30/11/2013
Reeditado em 06/10/2022
Código do texto: T4593616
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.