Vitrine
Manequins amputados
Outros com a mão aberta estendida
Em vez de finas roupas
Estão maltrapilhos e aos frangalhos
Que vitrine é essa?
Pessoas passam reto
Não olham pro lado
Ignoram o que está à margem
Ninguém quer entrar
e saber mais a respeito.
Ninguém quer comprar o modelo
Que aqueles manequins estão usando
Se ao menos perguntassem: que vitrine é essa?
O que antes eram poucas vitrines
Agora são milhares e milhares
Espalhadas no mundo pra todos verem
Quem sabe assim chama mais atenção
Afinal moda é aquilo que aparece mais
Pelo visto está fora de moda a solidariedade
o serviço social e a busca pela justiça,
Há aqueles que compram essa moda
Mas essa moda deveria ter mais sucesso.
A vitrine da miséria e dos marginalizados
infeizmente é uma vitrine viva
Poucos visitam a aparência dessa vitrine
E tal qual as vitrines das lojas
Sempre há novidades
Novas carências, novas necessidades
Em vez de mais luxo e roupa
Menos comida, menos assistência.
Que vitrine é essa?
A começar por mim
Vamos ignorar o que os manequins vestem
E atentar para que muitos não estão vestindo
Deixar de acompanhar as tendências mundiais
E atentar para as carências de mais da metade do mundo
E não mais perguntar: que vitrine é essa?
Mas responder: Essa vitrine eu conheço bem.
30/11/2013