País da copa
Fins de maio, uma noite estranha
inicio de inverno, final de semana
em uma esquina qualquer, uma esquina comum
Pedrinho descalço, sem futuro nenhum
um sorriso no rosto, uma caixa na mão
vendendo esperança, por um pouco tostão
Embaixo da ponte, muito perto daqui
jogado no chão, tentando dormir
Seu João barbudo e cheirando mal
travesseiro de pedra, cobertor de jornal
acorda assustado com qualquer barulho
medo de queimar como tocha no escuro
em um corredor, povo amontoado
barriga vazia, neném nos braços
Maria cansada e dolorída da espera
se joga no chão, embaixo na janela
levanta a blusa, desnuda o peito
dando de mamar, a espera de um leito
No escuro de um beco, um rapido clarão
Raimundo e os amigos sentados no chão
encostados no muro, um terreno abandonado
é cenário da vida desses pobres coitados
roupas em farrapo, 20 anos perdido
queimando a vida dentro de um cachimbo
Mas nada importa pra voce, nem pra mim
toda essa miséria, sofrimento sem fim
uma realidade que não está nos comerciais
não está nas novelas nem nos telejornais
pra esta gente a mídia, não abre espaços
é o país da copa caindo aos pedaços