ROTINA SUBURBANA

Cinco horas da manhã,
Tenho que me levantar.
Meu galo cantou no terreiro,
Com seu alarde companheiro,
Me mandando acordar.

É mais um dia de rotina,
Tomo banho e o café.
Ando três horas de ônibus,
No ônibus lotado,
Ainda pisam no meu pé.

A marmita que preparei,
No dia anterior.
Tiraram da geladeira,
E para o meu desespero,
O meu feijão preto azedou.

É mais um dia sem rangar,
Eu fico revoltado.
Pegunto o que eu fiz?
Não vai dar pra acreditar.
Essa vida é de amargar,
Assim não dá, para ser feliz.

Meu aluguel tá atrasado,
Minha mulher de TPM.
E meu cachorro morreu,
Minha luz já foi cortada,
E para o meu desespero,
O meu time perdeu.

Chego em casa derrubado,
Sem tesão, mal arrumado.
É mais um dia sem amar,
Minha dama ainda reclama,
Se me deito em nossa cama,
Eu não consigo acordar.

É assim toda semana,
Dessa vidinha muquirana.
Eu vou ter que me livrar,
Vou fazer igual o Lula.
Vou criar mais um partido,
E vou ser um bom bandido,
Pra poder me aposentar.

Em ser político ou ser bandido,
Eu corro menos perigo,
É sendo parlamentar.

Minha vida vai mudar,
E vai ser nesta semana!
Eu vou ganhar na loteria,
E me mudar lá do subúrbio.
Vou morar num belo 'AP',
No bairro de Copacabana.

Grana pra mim não vai faltar!
Então vou me alforriar.
E nunca mais vou me lembrar,
Desta rotina suburbana.