Lavradores 4

Ela será à salvação,

Em toda classe operária,

Existe em nosso pensamento,

É coisa quase lendária,

Ela será a libertadora,

Será a Reforma Agrária.

Ela trará a paz,

Será a solução,

Para todas classes,

Será a salvação,

Extinguirá a miséria,

Derrotará o tubarão.

Para o progresso crescer,

Independente ser a nação,

Não haverá outro jeito,

Só terá uma solução,

Somente a Reforma Agrária,

Será a nossa salvação.

Sem a Reforma Agrária,

O Brasil só vai piorar,

Fome, violência e ladroagem,

É o que vai aumentar,

E também outras coisas,

Tenho medo de comentar.

Na época que atravessamos,

É melhor ficar calado,

Se a gente for desabafar,

De repente fica encrencado,

Ninguém gosta de saber,

Que anda em caminho errado.

Suicídio e renúncias,

Golpes e revoluções,

E nesses poucos intervalos,

O Brasil gasta milhões,

E as forças capitalistas,

Melhoram de posições.

Se o prefeito ou o governador,

Ou mesmo o chefe da nação,

Esforcem para os lavradores,

Dando-os a sua proteção,

Mas os intermediários,

São sempre de ambição.

Jampruca por exemplo,

Num trágico que se deu,

Uma fenomenal enchente,

O lugar quase desapareceu,

Dizem que saiu verba,

Mas o pobre não recebeu,

,

Funcionário ganha montão,

Quase sem fazer nada,

Enquanto operário da capital,

E os que vivem na enxada,

Quase não vê dinheiro,

Numa miséria danada.

Há muitas autoridades,

Que seus setores controla,

Elas se compram a dinheiro,

Todos conhecem por bola,

Enquanto o pobre lavrador,

Se vive quase a esmola.

O pobre não é santo,

Nem o rico é satanás,

Só clamo a justiça,

Para o infrator audaz,

Por que o descaramento,

No Brasil já é demais.

Aí vai muitos erros,

E uma má caligrafia,

As vezes termos grosseiros,

E erros em ortografia,

Uma série de batatadas,

Imitando pobre poesia.

Quando o senhor sentar-se para refeição,

E sentir-se bastante apetitoso,

Comer um arroz bem feitinho,

Saborear um feijão bem gostoso,

Dirá com todo entusiasmo,

O lavrador é muito bondosooooo!... Fim.

João Belcheor Marques Goulart foi deposto em 1964.

Inspirado na realidade em 1961.

Lair Estanislau Alves.