Reféns
portas e janelas desfiguradas pelo aço que as cerca
grades por todo lado desenham a nova arquitetura
gente que tem suas vidas entregues como hipoteca
câmeras testemunham cidades e sociedade sitiadas
o grito abala a multidão e clama atenção do cidadão
a vontade é maior que o caminho alerta o mensageiro
uma placa dá o alarde ao povo e aviso para toda nação
à esperança é a justiça da pátria dá a notícia o letreiro
crianças inocentes são abandonadas à própria sorte
educadas pela rua num sistema hostil sem o caráter
crescem nas avenidas sem paradeiro e sem merecer
andam de mãos dadas ao erro do destino sem porte
um grito abala a multidão clama atenção do cidadão
a vontade é maior que o caminho alerta o mensageiro
uma placa dá o alarde ao povo aviso para toda nação
à esperança é a justiça da pátria dá a notícia o letreiro
as pessoas presas em suas casas reféns daquela ironia
estilhaçadas no choro rompido pelo zumbido da urbe
adultos perdidos como vítimas na alameda da agonia
observam o sangue doado pintar o chão da via esnobe
De
Marcondes Schifter
Poeta