Comilanças
Ela comia o céu inteiro e
acreditava que as nuvens fossem de açuçar
Ou algodão doce.
Comia também o entardecer
Alaranjado rubro como o tom
de açúcar queimado.
Vindo da adolescência.
Ela comia tudo em sua frente
Era a ansiedade em pessoa
Queria conter tudo em si
Embora se sentisse vazia e
espaçosa.
Os médicos tentaram moderadores
de apetite.
Dietas e exercícios físicos.
Mas era a sua mente cansada
Que ordenava a comilança compulsiva.
Quando ela sentava
Nada restava inteiro.
Nem ela e nem os outros.
Comer sem parar era uma vingança.
Estética, íntima e visceral.
No fundo comer era religioso
E não vital.