Lavradores 3
Esses são os fazendeiros (bons),
Melhores que os latifundiários,
Não há nenhuma plantação,
Lamentável e tristes cenários,
Só se vê o gado a pastar,
Em extensos campanários.
A lavoura é desamparada,
Isso bastante tenho notado,
O lavrador não é instruído,
Nem tão pouco orientado
Seu emblema é o fogo,
Seu escudo é o machado,
Jampruca por exemplo,
A uns vinte anos passados,
Vinham muitas pessoas aqui,
Ficavam alegres e encantados,
Hoje quase tudo é capim,
Tudo triste e desolados,
Não foi ideia do lavrador,
Para desertar tudo isso,
Não vou citar ninguém,
Para não causar reboliço,
Só sei que hoje é capim,
Em cada canto um mestiço.
Sempre bem observo,
O lavrador é desprezado,
É um pobre esquecido,
Sempre um abandonado.
Ninguém lembra dele,
Nas eleições é lembrado.
É ele a base fundamental,
Que sustenta a sociedade,
No seu trabalho humilde,
É o que dá vida a cidade,,
E no entanto ninguém,
Tem do lavrador piedade.
Quem sustenta o juiz?
O farmacêutico e o Doutor?
O tabelião e o industrial?
O prefeito e o governador?
O vereador e o deputado?
O ministro e o senador?
Quem sustenta o soldado?
O escritor e o jornalista?
O padre e o professor?
O malandro e o esportista?
O mendigo e o presidiário?
O comerciante e o artista?
Quem sustenta a todos,
É o pobre lavrador,
Trabalha como burro,
E não tem nenhum valor,
Dos que soam nesta terra,
É o que mais expeli suor.
A filha do lavrador,
Não conhece de beleza,
Não usa maquiagem,
Tão necessária a lindeza,
Se é feia ou bonita,
São caprichos da natureza.
Os pobres dos lavradores,
Não tem nenhuma diversão,
Já não tem mais alegria,
Só vivem na solidão,
Já não riem e nem choram,
Pois já perderam a razão.
Já não gritam nos roçados,
Já não cantam no milharal,
Não assobiam lá na serra,
Nem conversam no cafezal,
Seus amigos já se foram,
Pra cidade ou arraial.
Primeiramente Deus,
Para voltar tudo normal,
Segundo a Reforma Agrária,
Para acabar com todo mal,
E os lavradores cantarão,
O seu hino triunfal. Fim Terceira Parte.
Lair Estanislau Alves.