"Poema-loucura" da natureza
Eis-nos fazendo poesias, enquanto filipinos lambem feridas,
Daqui a pouco por qualquer ninharia, saímos maldizendo a vida;
Nossa paupérrima empatia, nem um átomo atina à dor alheia,
Beleza nos brinda todos os dias, mas pontuamos a sina feia...
Natureza escreve “poemas-loucura”, e apreciamos à distância,
Dureza assim virtual nem é dura, perde muito sua relevância;
Mas nossa alma egoísta jura, que tem em conta todo mortal,
Disfarça as nuances escuras, com uma brancura superficial...
Daí que a verdadeira felicidade, fez seu refúgio apenas no porvir,
Cá onde viceja tanta maldade, só umas gotículas podemos sentir;
Afinal temos tanta calamidade, a ventura se mantém a uma milha,
Por que, a bem da verdade, toda hora morre alguém da família...