Corpo fechado
O peito abriu em ira,
Como a seca mira de um revolver velho,
Sem colete nem panóplia,
Sem escudo ou gibão,
Atirou-se no vão escuro do mistério;
A bala espocou no alvo,
Ninguém ficará à salvo da cubísta morte súbita,
Atira uma, atira duas, atira seis,
Descarregando o tambor no coração do burguês;
Pra quê pôis o corpo pra fora?
Por quê não ficou na utopia?
Repara o teu social agora,
E o capital que no cubo ria;
Foi caixão e vela preta,
Foi moeda que pagou,
Sua ira na escopeta,
E o buraco que cavou.