Doce peso
Monstros feitos de chocolate.
Deveriam ser carcomidos
Para deixar as crianças
boazinhas.
Magos feitos de jujuba.
Deveriam estar na dieta
De adolescentes azedos
e infelizes.
Estátuas construídas
de batatas chips
Deveriam embutir um chip
sublingual.
Capaz de moderar as palavras,
introduzir poesias ao discurso,
e rastrear com segurança
a dignidade humana.
Onde quer que ela esteja.
Ideais feitos de pavê
Com infinitas camadas de utopia.
Entremeadas de creme de sonhos.
Sonhos de esperança.
Sonhos de criança.
De conhecer a casa feita de
doces de João e Maria.
E se libertar da bruxa má.
Infelizmente hoje as
crianças fogem da fome de afeto
e da desnutrição.
Os dois matam com eficácia.
Mas, lentamente apenas.
Sua inocência é abortada pela
exploração física,
e, por exigir uma sobrevivência
injusta.
Monstros de chocolate.
Magos de jujubas.
E fadas madrinhas para
os órfãos de plantão.
Os retratos não mais impressos.
ficaram tatuados
na memória sem flash.
E desbotam as lembranças
no papel de bala.
Mais uma criança morreu.
Descartada pelo sistema.
É uma pena.
A pena mais pesada do mundo.