Lavradores 2
Para dele furtar,
Usam sagacidade,
Furtam no peso,
Furtam na qualidade,
Furtam-lhe em tudo,
Ele não põe maldade.
Lavrador é uma palavra,
De um bom significado,
É a palavra mais certa,
Bastante tenho analisado,
E ele que lavra a terra,
E sempre sai no lavrado.
O lavrador é tratado
Por loca e macaqueiro.
Matuto e macoramba,
Arigó e sem dinheiro,
Feio, capiau e pongoró.
Mata minhoca e groteiro.
Sobre o lavrador alimentar mal,
Até parece uma pilheria,
Se vive em cima da terra,
E vive na maior miséria,
Vou explicar direitinho,
Pois sou conhecedor da matéria.
Nem todas regiões,
Tudo se pode plantar,
Se uma planta sai bem,
Outra não precisa tentar,
Se o lavrador teima,
Encontra logo o azar.
O lavrador faz a plantação,
Para colher o mantimento,
Durante o ano ele compra,
Remédios, roupa e suprimentos,
Muitas vezes é a crédito
Fim de ano é o sofrimento.
É que durante o ano,
Cresce uma conta,
Quando faz a colheita,
É claro, o patrão desconta,
Quase não sobra nada,
Outra vez começa a conta.
Não pode esperar bom preço,
Pois tem que pagar a dívida,
Vende quase tudo baratinho,
E a sua conta liquida,
E fica na pior sem dinheiro,
Reclamando a pobre vida.
As vezes a colheita é fraca,
Por caprichos da natureza,
Atacados por contra tempos,
O lavrador fica na tristeza,
Sendo da “ Providência Divina”
Ele conforma com certeza.
Cada ano que passa,
A terra vai enfraquecendo,
Logo vai dificultando,
Os insetos aparecendo,
Para fazer uma plantação,
Dá um trabalho tremendo.
Remédio contra insetos! Caro,
Mais que os de matar lombriga,
Ninguém expurga o cafezal
Já quase não mata formiga,
Que será da nossa lavoura,
Não há Doutor que o diga.
Há outro item cruciante,
Sempre tenho em observação,
O coitado do lavrador só planta,
Milho, arroz e feijão,
O fazendeiro precisa da palhada,
Para pastorar sua criação.
Não pode plantar mandioca,
Nem um pé de banana,
Não pode ter uma batateira,,
Nem também um pé de cana,
Não se vê um pé de fruteira,
Deste jeito à vida é tirana.
Continuação. Segunda Parte.
Lair Estanislau Alves.