CREPÚSCULO NA PAULICÉIA
Praça da República,
São Paulo, fim de tarde.
As árvores escondem
flores vermelhas
bem no alto de suas copas.
Só a mim não escapa
o tapete carminado
onde voei tantas vezes
na magia dos sonhos.
Praça da República
São Paulo, fim de tarde.
O garoto militante
fecha sua barraca.
Recolhe bandeiras,
mas espera
que suas mensagens
sejam vistas por todos
como a luz das estrelas
no firmamento.
Praça da República
São Paulo, fim de tarde
Sob fina garoa
e cansado da labuta,
povo anda apressado,
de cabeça baixa,
por entre alamedas
em demanda do metrô.
Praça da República,
São Paulo, fim de tarde.
Gente de todos os credos
e de todas as origens
tropeça no subemprego
dos ambulantes
e na miséria dos excluídos
que ferem o orgulho
da aristocracia
quatrocentona.
Praça da República
São Paulo, fim de tarde
Logo, logo o seu espaço
é território gay.
Momentos de euforia
e ilusões que se desfazem
nos primeiros clarões da manhã,
eis que o metrô
volta a despejar
multidões apressadas
no coração da praça.
Praça da República
São Paulo, seis da manhã.
É o começo de um novo dia!