Madrugada
Na surdina da noite,
Um vulto corta o ar .
Corta o ar como um açoite,
Na surdina da noite .
Ela ?
Ele ?
O que importa ?
Fruto de um momento
impensado
De um prazer momentâneo.
O corpinho é dispensado .
Isso
Acontece todo ano .
Cadê a mãe,
Cadê o pai?
A neblina alta se vai.
O sereno naquele corpinho cai.
A criaturinha indefesa,
Não diz nem um ai ,
e ninguém
Pergunta :
Cadê o pai ?
Tão pequenino
e já conhece
A solidão da
madrugada fria.
Sofre em silêncio,
o rebento
Aquele que
conheceu a noite,
Não conheceu,
porém o dia.
E aquele jornalista
sensacionalista,
Encontra na sua lista
mais
Uma vida para
alfinetar.
Procuram a todo custo:
a mãe cruel,
Não se interessam
muito :
pelo pai infiel.
A vida dessa mulher
agora
vão
desvendar .