O teatro dos horrores não era só ficção
O interior já foi
um excelente formador
de caráter,
mas isso, sem falsa modéstia,
até a minha geração,
a mesma do Dul, do Celso,
Flori, Isaac, Val,
época em que os pais ainda tinham
domínio sobre os filhos
e o milho que dava para um
também tinha que dar
para o outro.
Nunca mais essa geração?
Não! Nunca mais é muito tempo.
Mas se espalharam as facções
dominaram tudo
detonaram as convenções
encurtando o caminho
entre o bem e o mal
e o princípio deixou
de estar no início,
quando a carência
não cedia à indecência.
Agora que cedeu, fedeu
e o craque deixou de simbolizar
habilidade
provocando a agressividade
moral e corporal
digna de quem perdeu
toda a dignidade.
Estamos só na metade
do caminho
mas o resto vai ser igualzinho
se não arrancarmos a erva
e plantarmos mais flores.
O teatro dos horrores não era só ficção.