Medo!


Mesmo nesta semana, que dizem, Santa
Não há tranqüilidade, corações aos saltos;
Não às pétalas coloridas, só, estamos faltos;
O que nos acompanha, parece, se agiganta.

A insatisfação ronda as casas, fechadas
Escuras, pobres da alacridade natural
Esquecidas da confiança, da forma jovial,
A porta se fecha; teme-se a emboscada.

Com quem falava, menino? Não teima!
Estranho é perigo, pode ser cruel inimigo
O moço estende que a mão queima o mendigo!
Garotinha foi levada, aceitou a guloseima!

O medo toma conta da cidade que se volta
Toma conta da nossa vida de cidadãos
Vivendo sem conforto até para os anciãos
Vivemos em segredo, também sem escolta!

Das grades somos francos prisioneiros
O amor foi esquecido ficando a tristeza
No olhar da criança ficou a incerteza
Será que pode confiar no companheiro?

Colocamos nas ruas até câmaras escondidas
A que ponto que chegou a insegurança
Carros blindados já é desesperança;
Cercados de ódio só nos resta a sobrevida

Consumimos em grande dose o medo
Adquirimos toda sorte de proteção
Esquecemos que assim há deificação
do equívoco, que conduz ao degredo!

Fomos condenados na nossa pátria
Parece que ao eterno e injusto degredo
Da liberdade cedo ficou arremedo
Estamos vazios sem pátria nem mátria!