MEA CULPA

MEA CULPA

Minha poesia, é esse vagido, sentido na pele, dorido na alma.

Esse grito, que nasce da percepção das coisas...

É esse eco diagnosticado nos proprios lamentos e na dor alheia.

São esses barulhos, esses rumores incisivos, e drásticos!

Que veem dos burburinhos malogrados,magoados, e insatisfeitos.

Minha poesia, é tal qual sal e pimenta, e meus versos,

São gritos que ecoam das sarjetas,e se faz silêncio!

Ontem andou pelas sensazalas, e registrou tal tirocínio.

Hoje esses mesmos versos visitam esses seres, ainda marginalizados,

Esquecidos nos guetos, nos becos, nas prisões, nas favelas!

Minha poesia, ainda exibe essas cicatrizes expostas, homens,

Dominando homens,pechas que se movem na alma dos seres humanos.

E tantas outras desgraças como consequência das lutas de classe.

E cada verso que eu não escrevo levanta-se na boca da madraguda,

Junto com os trabalhadores que marcham agarrados à esperança.

Minha poesia são esses murmúrios,essas ironias, sem prerrogativas, mas,

Pretende ser um punhado de Sol, cujos raios fecundam a liberdade.

Minha poesia, quer visitar os prostíbulos, as cadeias, os asilos,

Quer ser bandeiras em todos os lugares, onde a alma humana,

Fragilizada deteriora-se, ante a injunção dessas vitrines!

Minha poesia é esse hiato, exprime-se entre as verdades,

E a realidade humana, e esconde-se atrás das fantasias,

A querer colorir o arco-íris, e agarra-se desesperadamente

Às metáforas, às analogias aos arquétipos...

Quer ser significação abstrata, a dar uma roupagem às imagens!

A serem as fotografias, de meninos que não esmolam nas sinaleiras.

Quer ser notícias, idosos, e anciões a viver em dignidade.

Quer percorrer tratejórias contrárias às rotas do aborto e das misérias...

Minha poesia quer ser esses negativos, adjetivos de propriedades.

Minha poesia, contudo é só um grito, nessa urgência a fazer coro.

É um grito de mesmas vozes, querendo mesmos modelos...

Mesmos modelos de felicidade, a dar significação aos homens.

Albérico Silva