Desejo

O que inventar neste século? Se toda criação é dual e, portanto, servirá para ferir, além do benefício como causa primeira. Como não tornar mecânica tua invenção? Se tudo que está ao nosso redor tende a se esvaziar em seus aspectos primordiais.

Como não sucumbir com a competição? Ênfase aplicada no mercado de trabalho, assim como, nas próprias famílias; instalando vulnerabilidades sociais. Eis que sob tais circunstâncias surgem os andarilhos e moradores de rua.

Os inventores modernos preocupam-se com a mente. E para trabalhar a mente das pessoas é preciso criar um mecanismo de satisfação que estabeleça uma ponte entre o desejo e a realização do mesmo. O que desejas? Conte-me via inconsciente.

As criaturas românticas, quase em extinção, geralmente desejam ver a beleza dos olhos dos seus companheiros que lhe amam com igual amor. Esse sentimento que está presente do nascimento à morte de todos os seres permite reinventarmo-nos.

Os poetas precisam criar e recriar para não mergulharem no caos. Os narcisistas precisam de aplausos e os otimistas demonstram altivez, sempre olhando para o futuro; não guardam mágoas.

A grande diferença entre cientistas e poetas está no uso do verbo sentir. Eis que os primeiros não sentem ou sentem muito pouco e os segundos sentem demais. Os cientistas usam todo o potencial de reflexão lógica, enquanto que, os poetas – sentem – usando todo o corpo e a alma.

A alma – pensam alguns cientistas – não existe. Para os poetas, em sua grande maioria, a essência do ser está na alma. Talvez não a alma religiosa, mas a melhor de todas as criações, a alma-mente ou mente-alma.

De todas as invenções humanas a que mais causa fascínio em meu ser é a escrita. Porque é a arte mais bela, a que está mais próxima da natureza, dos homens.

O que deixaremos de nós para a humanidade? Para vós deixo meus escritos que falam do amor de pessoas que sobreviveram por meio do desejo, deixo também, minhas sombras e retalhos de pensamentos ambivalentes que durante toda minha existência me acompanharam.

Assim faço do meu desejo uma arte.

A arte de amar!

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 26/09/2013
Reeditado em 26/09/2013
Código do texto: T4499262
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