VIOLÊNCIA
Um risco de luz percorre um espaço na escuridão
Rompendo as trevas impermanentes daquele cérebro
Que tenta aprisionar uma centelha na razão
Liberando seus sentidos... Libertando do seu féretro.
Nos leitos... Na solidão... Nas baladas... Na multidão...
Substâncias adulteradas... Veladamente sorvidas
Levando ao êxtase todas àquelas vidas
Que não vivem, senão, pelas veredas da sensação...
Na erva que se cultiva no meio das florestas
Atravessando fronteiras... Chegando ao asfalto...
“O cabeça” nas coberturas
Cabeças a prêmio nas mansardas modestas
E a violência na sociedade tomada de assalto...
Às mãos de uma criança... Linhas aladas...
Na pipa sobre a laje... Ou no rádio que dá o sinal...
Batida dos “home”... Naquelas horas caladas...
Rasgadas em lancinantes gritos de mãe, no suplício final.
E o cérebro daquela mente inconsequente...
Vai perdendo a centelha que a razão tentou aprisionar...
Pelo fogo de um projetil que o procurou insistente...
E o desfecho e detalhes da estória não se podem revelar...
Pois, vivos só nas retinas e corações... Dos atores lá presentes...
POESIA PUBLICADA NO SITE DA CBJE (Câmara Brasileira de Jovens Escritores) em setembro de 2013. Antologia Vol. 106
Quando escrevi essa poesia, me encontrava em casa em um dia de trabalho. Não fui trabalhar naquele dia (não teve expediente), pois as comunidades próximas a escola municipal, onde exerço função administrativa, se encontravam em guerra.
As escolas próximas foram obrigadas a fecharem as portas (inclusive a escola onde trabalho). Isso ocorreu em novembro de 2012.
Presentemente, ao retornar de férias, em setembro de 2013, fui surpreendido com a triste notícia que, após incursão da polícia em morro próximo, um dos nossos ex-alunos, não tendo mais que 14 anos, fora baleado (arma calibre 765? - não conheço nada de armas).
Disseram que foi desesperador.
Corrigindo a informação: felizmente o menino não morreu. Muitas informações desencontradas, causaram o erro. Ele está vivo. Foi operado e foi salvo. Ele ficou sumido por algumas semanas e, isso levou a crer que tinha falecido. Estava com os familiares em outro lugar.
Uma triste realidade que muitos não imaginam que aconteça e nem se dão conta. Gerada pela inclemência social em que vivemos e a sedução das drogas.
Que Deus tenha piedade deste menino e sua família e, principalmente, daqueles que provocam tudo isso.