Roda viva

Teu corpo ressequido do alimento que te faltou

Teus ossos salientes e suavemente encobertos pela pele que restou

Teus membros abandonados sobre a terra infértil que não foi capaz de te nutrir

Menino cheio de vida que apagou-se lentamente como uma vela que se consumiu pelo fogo

A terra agora vai te acolher e o que era seu fruto volta como seiva

O que era vida volta sem vida para fecundar adianta uma nova vida

Embora infértil a ponto de não produzir teu sustento

A terra ao consumir-te passa a ser capaz de parir

Tua matéria ressequida, dá a terra o que esta não vos deu

A vida como um ciclo instigante e atormentador segue seu rumo

Ela não pára por causa da sua dor

Ela recolhe e reabsorve teus restos e segue em pleno vapor

A vida é cruel?

A vida que te faltou?

Quem te desproveu de vida?

Será que tua única missão foi provocar em mim esta dor?

Mais que a dor de saber da tua dor é a dor de saber-me incapaz de cessar a tua dor.

E como aprendiz da vida, recolho para mim a tua lembrança

De modo a não perder a esperança

E a fé de que nesta jornada

Somos todos famintos

Uns famintos de alimentos

Uns famintos de sonhos

Outros famintos de esperança

E todos famintos de amor!

Mamamuchima
Enviado por Mamamuchima em 21/09/2013
Reeditado em 03/11/2013
Código do texto: T4491302
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