Recado de um retirante.

Hoje eu acordei com uma vontade danada de escrever

Porém faltou-me papel, faltou-me caneta, faltou-me poder

É que apenas o meu nome e o meu telefone eu sei escrever.

É assim a vida de retirante

Aonde sonhar é sinônimo de não poder

O querer a gente trata de esquecer

E a sede que a gente todo dia mata não é de saber

Mas eu vou levando, vou vivendo

O sol a pino é um veneno que se cura no sereno de todo anoitecer

E minhas perguntas vão ficando na estrada

E é de responsabilidade da passarada

Levar ao poder

E quem sabe um dia desses

Esse povo que não tem nenhuma sede

Possa enfim perceber

Que a sede do povo do nordeste

Não é só do que se bebe

É também do que se lê

Izah Cesário
Enviado por Izah Cesário em 04/09/2013
Código do texto: T4465893
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