Recado de um retirante.
Hoje eu acordei com uma vontade danada de escrever
Porém faltou-me papel, faltou-me caneta, faltou-me poder
É que apenas o meu nome e o meu telefone eu sei escrever.
É assim a vida de retirante
Aonde sonhar é sinônimo de não poder
O querer a gente trata de esquecer
E a sede que a gente todo dia mata não é de saber
Mas eu vou levando, vou vivendo
O sol a pino é um veneno que se cura no sereno de todo anoitecer
E minhas perguntas vão ficando na estrada
E é de responsabilidade da passarada
Levar ao poder
E quem sabe um dia desses
Esse povo que não tem nenhuma sede
Possa enfim perceber
Que a sede do povo do nordeste
Não é só do que se bebe
É também do que se lê